Para se conseguir uma colocação correcta e harmoniosa das telhas, deve iniciar-se o seu assentamento junto à linha de beiral, paralelamente a esta e após verificação das equidistâncias e alinhamentos dos apoios, começando-se pela esquerda ou pela direita, conforme o sentido do encaixe lateral da telha a usar, de modo a que a telha seguinte recubra o encaixe da anteriormente aplicada.

Assim, após a colocação da primeira fiada (do beiral), poderão começar a colocar-se as restantes, sobrepondo-as e encaixando-as correctamente, em fiadas ascendentes e paralelas (fig. 5). Para garantir o alinhamento destas fiadas, deve-se traçar, de quatro em quatro fiadas linhas ascendentes, perpendiculares ao beirado e paralelas entre si, que irão servir de guias para o assentamento das fiadas que se vão formando. Deve-se assegurar que as telhas lusas fiquem alinhadas pelo meio dos respectivos canudos e não pelo seu bordo (fig. 6). Para aplicar telhas com a junta desencontrada, ex.: marselha, deve-se utilizar duas meias-telhas a colocar nas extremidades de cada fiada alternada.

De modo a assegurar a maior durabilidade das telhas e evitar condensações, é muito importante prever condições de ventilação de modo a garantir um bom comportamento termo-higrométrico do corpo cerâmico. Este arejamento pretende facilitar o processo de evaporação tanto da água da chuva que seja absorvida pela peça, bem como eventuais condensações que se formem na sua superfície interior.

Por outro lado, este arejamento permite uma adaptação mais gradual do corpo cerâmico à diferença de temperaturas entre o interior e o exterior da cobertura. Assim, deve ser facultada à sua face interior uma ventilação adequada. Duma maneira geral, essa ventilação pode ser assegurada pelo uso de ripado simples de argamassa, com uma altura mínima de 5 cm, devendo-se prever a interrupção periódica das ripas (conforme a figura 8).

Todavia, é recomendável a interposição de contra-ripas que permitam um espaço de circulação de ar pelo menos 2,5 cm (de acordo com a figura 9). Em ambos os casos, esta ventilação deve ser sempre complementada pela aplicação de telhas de ventilação, uma vez que as folgas existentes entre os encaixes das próprias peças não são suficientes para se conseguir o caudal de ar necessário.

 

Estas telhas de ventilação, devem ser aplicadas desencontradas, junto ao beiral e junto à cumeeira, de modo a que o ar seja obrigado a percorrer toda a cobertura e não se criem caminhos preferenciais de circulação de ar sob as telhas (fig. 10 e 11). As telhas de ventilação devem ter uma densidade mínima de 3 telhas por cada 10 m2, caso se use estrutura contínua (com Laje), e, 2 telhas por cada 10 m2, caso se use estrutura descontínua (sem Laje). Para áreas inferiores a 10 m2, devem colocar-se igualmente 3 telhas de ventilação, duas na parte inferior e uma na superior.

A minimização da argamassa necessária para fixar as peças de cumeeira facilita a circulação de ar através desta.

Efeito pretendido com a colocação de telhas de ventilação ao longo de uma cobertura.

 

Em pendentes com comprimentos a partir de 8 metros, recomenda-se a aplicação de telhas de ventilação numa ou mais fiadas intermédias, aplicadas sempre desencontradas em relação às restantes localizadas nas fiadas antecedentes ou precedentes.

Outro ponto onde deve ser prestada especial atenção é a utilização das argamassas que irão ser utilizadas para fixação de pontos singulares, como a execução de cumeeiras, rincões, beirados, e todos os restantes pontos onde se pretenda fixar peças cerâmicas. Todos estes pontos afiguram-se como zonas críticas na medida em que o uso indevido de argamassa pode pôr em causa a estanquecidade da cobertura ou mesmo a durabilidade das peças cerâmicas.

 

De fato, após períodos de chuva prolongados, o telhado inicia um processo de secagem, que será mais ou menos prolongado consoante a ventilação a que estiver sujeito, tanto na face interior como exterior da cobertura. No entanto, todas as peças cerâmicas em contacto com a argamassa sofrem uma humidificação prolongada pela água proveniente desta.

 

Nestes pontos criam-se mais facilmente condições favoráveis ao desenvolvimento de microorganismos, musgos, plantas, e inclusivamente danos provocados por ciclos de gelo-degelo (em regiões com condições climáticas propícias à formação de geada, ainda que esta só ocorra durante a noite).

 

Por outro lado, o uso excessivo de argamassa (fig. 13), ou o uso de argamassa muito forte, sendo esta um produto com um comportamento termodinâmico e higroscópico bastante distinto do comportamento do corpo cerâmico, pode provocar, a breve prazo, fissuras, fendas ou fracturas tanto na argamassa como na peça cerâmica, criando pontos de infiltração de humidade indesejáveis, difíceis e dispendiosos de resolver.

 

Para preparação das argamassas (de preferência hidrofugadas), recomenda-se que por cada m3 de areia seca se use 200 Kg de cal hidráulica e 100 kg de cimento, ou, 300 kg de cal hidráulica por m3 de areia seca.

Um erro muito comum encontrado na execução destes pontos singulares, prende-se com o recurso a quantidades excessivas de argamassa para resolver problemas de estanquecidade, fixação das peças, alinhamento de cumeeiras e rincões, ou mesmo para obter alguma contenção orçamental (ilusória) ao evitar-se a aquisiçõo de peças específicas previstas para se reduzir ao mínimo indispensável a quantidade de argamassa necessária. Os riscos inerentes a este tipo de execuções estão bem claros no ponto 6 – Argamassa para Fixação de Pontos Singulares.

 

Assim, de modo a que as cumeeiras e rincões cumpram eficazmente a função a que se destinam, ou seja, impedir a penetração de água e complementar a ventilação da cobertura, deve-se sempre fazer uso de cunha de cumeeira de modo a que estes, em conjunto com as respectiva telhas possam servir de “cama” para aplicação de uma tira de argamassa em ambos os lados onde a cumeeira irá assentar, procedendo tal como demonstra o esquema seguinte (fig. 12). Em regiões com incidência de geada, é necessário o uso de manta para cumeeira para evitar o lascamento das mesmas.

 

Nota: Na eventualidade de ser necessário cortar telhas na linha da cumeeira, para concluir o remate desta, deve-se aplicar, na extremidade da aba da telha cortada que ficará sob a cumeeira, um filete em silicone ou mastique de poliuretano, de modo a criar uma nervura que substitua as que foram eliminadas após o corte. Estes produtos (após secagem) apresentam características de elevada durabilidade, aderência e impermeabilidade, podendo ser usados também para fixação dos Remates às telhas cortadas. Em qualquer dos casos, deve prever-se sempre a maior sobreposição possível na execução da cumeeira e rincões.

Para se proceder ao assentamento dos beirais, no que diz respeito a utilização de argamassas, deve-se agir da mesma forma que para as cumeeiras e rincões, ou seja, pouca argamassa e de preferência preparada com hidrofugante específico.

Caso se opte pela aplicação de beiral, as primeiras telhas que devem ser assentes na estrutura são as do beiral (ver ponto 4 – Assentamento das Telhas). Deve no entanto atentar-se que a ripa de apoio das telhas na linha de beiral, deve ter uma altura superior à altura adoptada para as outras ripas. Este acrescento à altura do filete de beiral, deve ter uma altura superior à altura adoptada para as outras ripas.

De modo a garantir que o telhado cumpra eficazmente a sua função, é importante que se assegure uma manutenção regular da cobertura. Na realidade, ao longo do tempo, é possível que surjam algumas telhas que desenvolvam fissuras, fendas ou fraturas, por muito boas características mecânicas que apresentem.

 

Tal fato deve-se frequentemente à necessidade de circular sobre o telhado para se proceder à instalação de equipamentos (antenas, sistemas de ar condicionado, etc.) ou outras reparações, movimentação de cargas, queda de granizo, etc.

 

Por outro lado, na telha natural a acumulação de microorganismos, musgos, plantas e outros detritos, nas telhas e calhas de escoamento, podem dificultar a drenagem da água das chuvas e secagem do telhado. Estes problemas são, mais cedo ou mais tarde, fonte de infiltrações. é absolutamente aconselhável efetuar uma inspecção ao telhado pelo menos uma vez ao ano.

 

Esta análise deve abranger uma verificação a todas as peças cerâmicas, elementos isolantes, canais drenantes, argamassas e estrutura de suporte da cobertura. Sempre que se justifique, deve proceder-se à substituição ou reparação dos elementos danificados. Todas as peças cerâmicas e canais drenantes devem ser limpas de detritos e musgos que se possam acumular, de modo a manterem-se desobstruídos os sistemas de escoamento e secagem das águas.